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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Invictus




(Invictus, 2009, 133 min) - Por Guto Leite

No limite do jogo sujo 


Já disse por aqui, noutra ocasião, que não pode ser novidade pra ninguém que Clint Eastwood é um dos melhores diretores destas últimas décadas. Invictus, seu novo filme, ainda nas telonas, se não é brilhante como Bird e Os imperdoáveis, depõe muito a favor da habilidade notável do diretor em contar e escolher belíssimas histórias (o que já são dois talentos).
Em linhas gerais, o filme fala de como o presidente sul-africano Nelson Mandela buscou, durante seu mandato (1994-1999), realizar a transição entre o regime de apartheid e um regime mais democrático e conciliatório. Para isso, Eastwood recuou um pouco, no começo do filme, para o momento de soltura de Mandela, em 1990, e centrou sua narrativa na primeira Copa de Mundo de Rugby conquistada pelos sul-africanos, em 1995 (a segunda viria em 2007 sobre os ingleses, só pra saber).
Parece-me que o maior mérito do diretor neste filme (e não sou especialista na sétima arte) está na delicadeza e precisão com que ele constroi e amarra os dilemas de três grandes líderes para manterem coesos seu grupos. Mandela (Morgan Freeman), que como se diz numa das cenas, precisava evitar o medo e a desconfiança dos brancos – africaners ou descendentes dos britânicos – e o desejo de vingança dos negros. François Pienaar (Matt Damon), o capitão do time, que precisava despertar o sentimento patriótico em seus companheiros para que excedessem seus limites e vencessem os jogos. E, por fim, em segundo plano, Tony Kgoroge (Jason Tshabalala), o chefe da segurança, que, além de comandar agentes brancos e negros num mesmo “time”, deveria lidar com seu passado de humilhações e sofrimentos, noutros termos, precisava lidar com sua capacidade de perdão.
Orbitando esse requintado equilíbrio, ainda no jogo limpo, temos uma atuação muito boa de Morgan Freeman (lembrando bastante sua participação em Um sonho de liberdade), sobretudo até a metade do filme, quando interpreta um Mandela mais humano e menos político. Temos ainda cenas belíssimas de tolerância racial e celebração da igualdade, além de uma trilha impecável, que nos faz lembrar da afinidade do diretor com boa música. Em suma, trata-se realmente de um filme emocionante, disposto a comover o espectador.
Bom, diante dessa missão, que acho que foi tomada pelo diretor (de emocionar quem assiste ao filme), qual o limite do jogo sujo? Uma boa história, saber contá-la, cenas bonitas, boas atuações e trilha; acho que até aqui estamos de acordo que é tudo legítimo para fazer as cadeiras de cinema chegarem às lágrimas. Certo? No entanto, penso que alguns artifícios excedem um pouco a conta, forçam a barra para causar emoção. Por exemplo: na cena da vitória final do time, há uma sequência de tempo considerável em câmera lenta em que surgem imagens da população bastante pobre exaltada pelo título conquistado e das personagens envolvidas se emocionando com o feito. É válido este recurso? Até o mais insensível dos seres sente correr dos olhos uma ou outra lágrima. Eu, que não sou lá tão britânico, tive várias vezes de arrumar uma forma de limpar os olhos e seguir vendo o filme. Me emocionei, claro, na hora, mas saí do cinema com a sensação de que Eastwood havia jogado sujo comigo, que tinha me passado pra trás no campo da emoção.
Para aqueles menos turrões, entretanto, tenho certeza de que Invictus é uma ótima forma de dedicar duas horas e pouco de vida. É mais um bom filme de um bom diretor. É mais um bom filme deste ano que vai passar longe das premiações mais glamurosas (salvo Freeman, que ainda pode ganhar o Oscar), graças, infelizmente, a Avatar. Eastwood continua sendo um diretor, junto com os irmãos Cohen, Almodóvar, Woody Allen, Tarantino, Gus Van Sant, Wong Kar-Wai e outros, capazes de me arrancar de casa e me levar ao cinema, por suas formas peculiares e telentosas de contar boas histórias. Aos outros, prefiro esperar alguns meses e assistir no conforto e no espaço da individualidade.
“I am the master of my fate,
I am the captain of my soul” (“Invictus”, Henley)


Título: Invictus
Original: Invictus
País: EUA
Diretor: Clint Eastwood
Elenco Principal: Matt Damon, Morgan Freeman, Tony KgorogePatrick Mofokeng;

Companhia: Warner Bros. Pictures
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1057500/

Um comentário:

Unknown disse...

Guto: vc escreve bem pq fez linguística ou fez linguística pq escreve bem?? hehe! Amei seu texto! Vim aqui procurar alguma coisa sobre Invictus e encontrei vc!! Demais!